Baú Noturno

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Seu

... E ao olhar o quarto, de canto a canto, buscando algo seu que havia esquecido, ela o viu, mas não o enxergou como seu.
Tentou por vezes encontrar um suspiro, um afago, uma brisa no desespero de ver-se olhando para trás como outrora havia negando veemente;
Resignou-se, e sentou.
Acomodou-se ao lado do que foi seu e não o notou uma vez mais.

Ele permanecia estático. Fixava-a como um caçador à caça, como se a qualquer momento saltara na sua garganta. Não o fez, pois estava nervoso demais para isso. Em seu íntimo, desejava-a nua, pingando, contorcendo-se em desejo e, apenas desejo.

E lágrimas. E risos. E olhares. E dúvidas.

Como se o amor ressurgisse ou a coragem falhasse, voltaram-se aos seus sentimentos já conhecidos.
Sabe-se que o futuro é impreciso e que o amor trás consigo a insegurança de não ser amado ardentemente.

E assim, na próxima porta, debaixo do mesmo teto, eles irão sucumbir ao pecado comum do ser humano: a traição.


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