Vendo e sentindo como o tempo passa, tenho sede.
Quantos serão os anos? Será que é escuro? Ou claro demais.
Alguém se irá de repente. A trajetória já era fissurada.
O quarto guarda mais que roupas, livros e moedas. Guarda o que não se libertou. Ainda não.
Despertará com força?
Carregando nos ombros o próprio peso, o homem se abate e baixa a vista, a cabeça, a guarda.
Está desarmado para o dia que arrebenta a noite escura. Não há sono quando não se sonha.
Sonhar é necessário. Talvez, e muito provavelmente, assim como acontece com o instinto, o conforto de algum possível lugar pós-vida seja só para existir até que seja extinto, sem posteridade.
Ou não.
Alguns homens agarram-se à fé e deixam-se conformar pela vida que levam, julgando-a ser apenas uma passagem para um novo mundo onde tudo é como sonham.
Esses homens preenchem um vazio com algo muito maior: o peso.
Nada é tão pesado que não haja como mínimo oposto a leveza. Sempre há o outro lado.
Obviamente, da situação.
Trazem consigo o infortúnio menor: a dúvida.
Quanto mais se têm, mais se terá. Quanto menos, morte.
Ao menos é mais cômodo não haver dúvidas. Certezas são apenas dúvidas meramente corajosas e consequentemente mais frágeis à repulsa, à contradição.
Por muito menos se morre e por muito mais se mata.
Os homens pesados carregam nos ombros o peso maior do mundo: os seus próprios.
16/07/2013
Baú Noturno
quarta-feira, 17 de julho de 2013
A vida que chega
Lentamente tudo se ajeita. Cada canto é ainda estranho.
As paredes, as poeiras, os armários que, muito embora não existam, estão nos seus lugares.
As horas não acalentam. Mostram-me a vida que chega.
Há em todo período de hora, um em que a hora existe permanentemente periódica.
Há tanto desarranjo, tanto por experenciar. Mal passa um dia e passou já outro.
Nem a pausa e o contratempo. Nem o medo e a fúria.
O bocejo de infelicidade não é duradouro. Nada o é.
Silêncio é algo impossível, inacreditável. Quero deitar.
Porque tanta dúvida ao se desbravar o desconhecido, o já sabido? Será que é assim?
As horas, porque passam tão devagar e cruelmente? E há quem goste.
Tudo novamente me torna discrente de minhas certezas. Um ciclo natural é real e aceitável?
Tantos conflitos, tantas ofensas, tantos não pudores, quase morte.
A vida vai mostrando o quão flexível você é, somos, seremos, deveríamos parecer, fomos.
Gostaria de precisá-la, de decifrá-la, de saber algo além de todas as dúvidas que me têm no colo o me acariciam lentamente, pelas costas, por cima dos ombros.
Há amor no meu sorriso?
01/05/2013
As paredes, as poeiras, os armários que, muito embora não existam, estão nos seus lugares.
As horas não acalentam. Mostram-me a vida que chega.
Há em todo período de hora, um em que a hora existe permanentemente periódica.
Há tanto desarranjo, tanto por experenciar. Mal passa um dia e passou já outro.
Nem a pausa e o contratempo. Nem o medo e a fúria.
O bocejo de infelicidade não é duradouro. Nada o é.
Silêncio é algo impossível, inacreditável. Quero deitar.
Porque tanta dúvida ao se desbravar o desconhecido, o já sabido? Será que é assim?
As horas, porque passam tão devagar e cruelmente? E há quem goste.
Tudo novamente me torna discrente de minhas certezas. Um ciclo natural é real e aceitável?
Tantos conflitos, tantas ofensas, tantos não pudores, quase morte.
A vida vai mostrando o quão flexível você é, somos, seremos, deveríamos parecer, fomos.
Gostaria de precisá-la, de decifrá-la, de saber algo além de todas as dúvidas que me têm no colo o me acariciam lentamente, pelas costas, por cima dos ombros.
Há amor no meu sorriso?
01/05/2013
Em partes
Definitivamente algo morre em mim hoje.
Uma palavra que fere e arranha não já se pode mais suportar.
A fluidez com que são ditas trás a carga, o peso. Sofro.
Não me acosto esta noite pensando em soluções. Há muito por vir.
Quem me chega mostra uma ponta de sutil indiferença. E foi-se.
Nada mais interessa a quem não interessa nada.
O caminho deve ser mais longo à frente. Viver é necessário.
Dia da morte de mim. De partes.
Todo espaço vazio é preenchido de desconhecido.
A mim que tomo a vida diária como trago de infelicidade. Falsa infelicidade.
03/07/2013
Uma palavra que fere e arranha não já se pode mais suportar.
A fluidez com que são ditas trás a carga, o peso. Sofro.
Não me acosto esta noite pensando em soluções. Há muito por vir.
Quem me chega mostra uma ponta de sutil indiferença. E foi-se.
Nada mais interessa a quem não interessa nada.
O caminho deve ser mais longo à frente. Viver é necessário.
Dia da morte de mim. De partes.
Todo espaço vazio é preenchido de desconhecido.
A mim que tomo a vida diária como trago de infelicidade. Falsa infelicidade.
03/07/2013
Só
Ao contemplar a lua cheia, as frondosas árvores alojadas entre os prédios sujos e empoeirados, permito-me descobrir a solidão.
Estar só e ser só.
Nuvens que trazem consigo gotas de chuva que por sua vez, ao cair, levam tudo pelo caminho.
Lavam e mostram-me a imundice de ser vivo.
Minha alma...
Por ter-me acolhido e recolhido, a vida, a sós, me ensina o que eu não sei se quero saber;
Se quero viver desse modo.
Estou pesado em minha alma; Sendo peso na vida de outra pessoa que também tem seu peso, sua alma, seus anseios e dúvidas.
Ser só, machuca.
Dói.
Amarga minha boca o cigarro que alivia o peso que o fumo carrega: a morte.
Quero um amigo.
Quero conseguir chorar.
Só viver e estar vivo não me basta.
E acima de tudo, existe a lua. Plena, desejável na totalidade do seu não-ser, pesando em minhas escolhas e aliviando angústias as quais não sei se me deveriam existir nesse momento.
"... Solidão é fera. Solidão devora."
Colo!
Dia 25 de maio, dos meus únicos 25 anos de vida.
Agradeço a todos que me proporcionaram a solidão desse dia.
Obrigado, meu amigo.
Seu
... E ao olhar o quarto, de canto a canto, buscando algo seu que havia esquecido, ela o viu, mas não o enxergou como seu.
Tentou por vezes encontrar um suspiro, um afago, uma brisa no desespero de ver-se olhando para trás como outrora havia negando veemente;
Resignou-se, e sentou.
Acomodou-se ao lado do que foi seu e não o notou uma vez mais.
Ele permanecia estático. Fixava-a como um caçador à caça, como se a qualquer momento saltara na sua garganta. Não o fez, pois estava nervoso demais para isso. Em seu íntimo, desejava-a nua, pingando, contorcendo-se em desejo e, apenas desejo.
E lágrimas. E risos. E olhares. E dúvidas.
Como se o amor ressurgisse ou a coragem falhasse, voltaram-se aos seus sentimentos já conhecidos.
Sabe-se que o futuro é impreciso e que o amor trás consigo a insegurança de não ser amado ardentemente.
E assim, na próxima porta, debaixo do mesmo teto, eles irão sucumbir ao pecado comum do ser humano: a traição.
Tentou por vezes encontrar um suspiro, um afago, uma brisa no desespero de ver-se olhando para trás como outrora havia negando veemente;
Resignou-se, e sentou.
Acomodou-se ao lado do que foi seu e não o notou uma vez mais.
Ele permanecia estático. Fixava-a como um caçador à caça, como se a qualquer momento saltara na sua garganta. Não o fez, pois estava nervoso demais para isso. Em seu íntimo, desejava-a nua, pingando, contorcendo-se em desejo e, apenas desejo.
E lágrimas. E risos. E olhares. E dúvidas.
Como se o amor ressurgisse ou a coragem falhasse, voltaram-se aos seus sentimentos já conhecidos.
Sabe-se que o futuro é impreciso e que o amor trás consigo a insegurança de não ser amado ardentemente.
E assim, na próxima porta, debaixo do mesmo teto, eles irão sucumbir ao pecado comum do ser humano: a traição.
Assinar:
Postagens (Atom)